O rash papulopustuloso pode ocorrer em mais de 90% dos pacientes com câncer colorretal e em cerca de metade dos pacientes com câncer de pulmão não pequenas células tratados com inibidores de EGFR (iEGFR).
O surgimento das lesões se dá nas primeiras semanas de uso da medicação, com predileção pela face e parte superior do tronco. Lesões tipo espinhas, vermelhas e/ou amareladas, aparecem nessas regiões e podem estar associadas à melhor resposta ao tratamento oncológico, mas causam impacto na qualidade de vida do paciente.
Acredita-se que o rash papulopustuloso por iEGFR decorra da liberação de citocinas inflamatórias na pele e disfunção da fisiologia da pele, então modificada pela inibição do receptor do EGF nas células da camada basal, no epitélio folicular e nas glândulas sebáceas. Assim, o rash seria inicialmente asséptico, não-infeccioso, mas inflamatório.
No entanto, cerca de 25% dos pacientes em uso de iEGFR podem ter infecção bacteriana sobreposta ao rash e o Staphylococcus aureus é o agente mais comumente implicado. Deve-se pensar em infecção quando:
- o rash aparece nas extremidades (nos antebraços e nas pernas), região inferior do abdome e/ou nos glúteos
- as lesões são mais dolorosas
- há impetiginização nas narinas
- surge de forma abrupta após 12 semanas de uso do iEGFR
O manejo do rash, seja inflamatório ou infeccioso, é muito importante para melhorar a qualidade de vida do paciente e manter o tratamento proposto para o câncer na dose e na frequência adequadas. Oncologistas, enfermeiros e dermatologistas devem estar atentos a isso e atuar em conjunto.
Giselle Barros e Adriana Mendes
Fonte: Support Care Cancer 2016;24(9):3943-50; Clin Colorectal Cancer 2018;17(2):85-96; Cancer Invest 2019;37(6):253-264; Ann Oncol 2011;22(3):524-535
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