A primeira evidência do potencial carcinogênico da radiação ionizante data de 1902, quando se relatou o desenvolvimento de câncer de pele não-melanoma nas mãos de pessoas que trabalhavam com Raios-X.
Após isso, a relação da radiação com o surgimento secundário de tumores tem sido estudada, especialmente depois do ataque com bomba nuclear no Japão, cujos sobreviventes tiveram maior incidência de leucemia e tumores sólidos.
Em relação ao câncer de pele, que é nosso foco aqui, há aumento da sua ocorrência na região delimitada pela radioterapia em até 20 a 30 anos (ou mais) depois do tratamento! Os tipos de câncer de pele mais comuns são o carcinoma espinocelular e o basocelular (este, principalmente quando o tratamento do câncer foi na infância/adolescência). Nesse cenário, o câncer de pele pode ser mais agressivo, mais recorrente e múltiplo.
A ocorrência de melanoma na área irradiada é muito rara. Mudanças nos nevos (“pintas”) podem ser vistas no local delimitado pela radioterapia por conta das alterações causadas pela radiação, como fibrose e atrofia; isso pode deixar a “pinta” parecida com o melanoma. Na dúvida, retirá-la e enviar para análise!
A radiação solar ultravioleta é um fator agravante para o aumento do risco de câncer de pele na área irradiada. Por isso, é fundamental que se reforce o cuidado com a exposição solar nesses pacientes! O exame dermatológico precisa ser rotina na pessoa que fez radioterapia, que deve estar atenta a qualquer lesão diferente que surja na área irradiada.
Giselle Barros e Adriana Mendes
Fonte: Medicine 2018; 97 (36): e12170; livro Dermatologic Principles and Practice in Oncology 2014: p339-344
Foto:Google;dermnetnz.org
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