No final de 2017, o FDA (agência americana reguladora de alimentos e medicamentos) trouxe um alerta sobre o risco de a biotina em doses altas causar falsas alterações em alguns exames laboratoriais, para mais ou para menos.
A interferência da biotina no resultado desses exames pode prejudicar a avaliação médica e levar a interpretações erradas, especialmente quando se trata de taxas de hormônios da tireoide ou exames de coração.
Foi relatado o caso de um paciente que estava tomando doses altas de biotina e morreu por conta da confusão com o exame de troponina falsamente baixa (a troponina costuma se elevar no infarto do miocárdio).
Nos exames de tireoide, altas doses de biotina podem dar resultado de T3 e T4 alto e TSH baixo, levando à falsa impressão de hipertireoidismo ou dose errada do medicamento para tireoide.
A biotina é popularmente usada nos EUA, e também aqui no Brasil, como suplemento para cabelos e unhas, muitas vezes em dose muito acima da dose diária recomendada (DD 30 microgramas; dose usada pode chegar a 10.000 microgramas ou mais). Porém, não há garantia científica da real eficácia da biotina nesses casos.
Evidências científicas mais robustas do papel da biotina em pessoas com cabelos normais e em pessoas sem deficiência dessa vitamina no organismo são necessárias. O mesmo vale para o uso da biotina visando à melhora das unhas, cujos estudos são de relatos de caso e séries de casos, com carência de pesquisas randomizadas comparativas com controle (pessoas tomando biotina x pessoas não tomando biotina).
O apelo de marketing é forte no uso de suplementação de vitaminas! Esse alerta do FDA deve servir de atenção para quem toma biotina em doses altas e faz exames laboratoriais.
Lembre-se de avisar ao médico e ao laboratório que está usando biotina e pare de tomar pelo menos 3 dias antes da coleta de exames de sangue.
Fonte: fda.gov; J Am Acad Dermatol 2018; 79 (6): e121-e124; J Dermatolog Treat. 2018 Jun;29(4):411-414; hsph.harvard.edu

Comentários
Postar um comentário