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O que fazer na inflamação das unhas por iEGFR

 A paroníquia, inflamação da pele ao redor da unha, é comum durante o tratamento com inibidores do EGFR - iEGFR (incidência de 10-50% dos pacientes) e costuma ser dose-dependente.




Quando grave, com impacto nas atividades diárias do paciente, pode ser necessário dar intervalos maiores entre as aplicações do iEGFR, ou mesmo reduzir a dose. Reduzir a dose de um tratamento oncológico é o que menos se deseja, pelo risco de prejudicar sua eficácia.


Para a prevenção da paroníquia induzida por iEGFR, medidas como evitar o contato frequente com água, usar hidratantes nas mãos e nos pés, evitar traumatismos – como manicure/pedicure, ou sapatos fechados/apertados – são importantes.

Ao se instalar a inflamação ao redor das unhas, pode-se indicar corticoides tópicos de alta potência, sabonetes degermantes ou soluções antissépticas, e antibióticos tópicos ou orais na suspeita de infecção bacteriana.

Por vezes, surge o granuloma piogênico, uma elevação avermelhada e facilmente sangrante, popularmente conhecida com “carne esponjosa”, a cauterização química no consultório dermatológico pode ser feita a cada 15 dias com ATA 90% ou fenol 88, ou crioterapia com nitrogênio líquido. Em casos mais persistentes/graves, a cirurgia de canto de unha pode ser indicada, com tempo prolongado de recuperação.

O uso tópico de betabloqueadores tem sido descrito para tratamento da paroníquia por iEGFR, e, mais recentemente, foi publicado estudo caso-controle da aplicação preventiva de betaxolol, desde o primeiro dia de início do iEGFR, com sucesso, duas vezes/dia. Soluções oftálmicas de timolol ou betaxolol estão disponíveis no Brasil.

Medidas eficazes de controle dos eventos adversos do tratamento do câncer são muito pesquisadas! Em se falando de alterações cutâneas, nós aqui do Onco e Pele estamos atentos aos novos estudos e opções para sua prevenção e manejo. 😉

Fonte: Int J Dermatol 2021; 60(2): 179-184; Drugs Context 2019; 8:212613

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