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Queratoses actínicas - lesões avermelhadas e ásperas que merecem sua atenção


Alguns pacientes com pele clara e histórico de muita exposição ao sol ao longo da vida podem apresentar queratoses actínicas nas áreas expostas – face, couro cabeludo (especialmente os carecas), pescoço, colo, antebraços e pernas. Essas lesões costumam ser avermelhadas, ásperas (com casquinhas), de limites imprecisos, e às vezes são mais palpáveis que visíveis. ⁣

As queratoses actínicas são consideradas lesões pré-cancerígenas por alguns autores, enquanto outros consideram um câncer de pele da linhagem epidermoide em fase inicial. ⁣

Nós, dermatologistas, costumamos tratar essas lesões por conta do risco de transformação em carcinoma epidermoide em algum momento da vida. Podem ser tratadas com cremes em casa, à base de imiquimode ou 5-fluoruracil, por exemplo, e no consultório com crioterapia, curetagem e eletrocoagulação, ou cirurgia, entre outros tratamentos.⁣

É interessante observar que pacientes com queratoses actínicas podem apresentar irritação das lesões, com vermelhidão da pele ao redor, quando fazem tratamento oncológico com certos quimioterápicos. Apesar do incômodo causado pela irritação, acredita-se que o quimioterápico esteja tratando essas lesões pré-cancerígenas.⁣

Abaixo, os quimioterápicos que podem irritar queratoses actínicas:⁣
5 fluoruracil⁣
Capecitabina ⁣
Docetaxel⁣
Doxorrubicina⁣
Pentostatin⁣
Dactinomicina⁣
Vincristina⁣
Dacarbazina⁣
6-tioguanina⁣
Cisplatina⁣
Sorafenibe ⁣

Citarabina e gencitabina podem irritar queratoses seborreicas, outro tipo de lesão de pele muito comum, benigna, que pode ter aspecto verrucoso e acastanhado.⁣

Caso você tenha suspeita de queratoses actínicas, procure um dermatologista para checkup geral da pele e tratamento adequado. Reforce as medidas de proteção solar, já que você está sob maior risco de ter câncer de pele. ⁣

Oncologistas e equipe muldisciplinar devem ficar atentos à irritação das queratoses actínicas durante o tratamento oncológico e encaminhar o paciente para avaliação dermatológica. ⁣

Fonte/ fotos: Anais Brasileiros de Dermatologia 2010, 85(5), 591-608; Anais Brasileiros de Dermatologia, 94(6), 637-657

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