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Queratoses actínicas - lesões avermelhadas e ásperas que merecem sua atenção

Alguns pacientes com pele clara e histórico de muita exposição ao sol ao longo da vida podem apresentar queratoses actínicas nas áreas expostas – face, couro cabeludo (especialmente os carecas), pescoço, colo, antebraços e pernas. Essas lesões costumam ser avermelhadas, ásperas (com casquinhas), de limites imprecisos, e às vezes são mais palpáveis que visíveis. ⁣ ⁣ As queratoses actínicas são consideradas lesões pré-cancerígenas por alguns autores, enquanto outros consideram um câncer de pele da linhagem epidermoide em fase inicial. ⁣ ⁣ Nós, dermatologistas, costumamos tratar essas lesões por conta do risco de transformação em carcinoma epidermoide em algum momento da vida. Podem ser tratadas com cremes em casa, à base de imiquimode ou 5-fluoruracil, por exemplo, e no consultório com crioterapia, curetagem e eletrocoagulação, ou cirurgia, entre outros tratamentos.⁣ ⁣ É interessante observar que pacientes com queratoses actínicas podem apresentar irritação das lesões, com vermelhidão da...
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Lesões na pele por COVID-19

As manifestações cutâneas por covid-19 podem ser a única forma de apresentação da doença (estudo recente mostrou que 21% dos pacientes somente tiveram alterações na pele). A forma como o COVID-19 altera a pele é variada. Existem inúmeros tipos de erupções cutâneas relacionadas à doença, e fatores genéticos podem estar implicados. Vejam as cinco alterações da pele mais comuns deslizando a tela. A pluralidade dos eventos cutâneos pela covid pode decorrer da ação direta do vírus, da hiperativação do sistema imune e do estado de hipercoagulabilidade. Para fotos, o site covidskinsigns.com tem um acervo muito interessante! Porém, nem tudo é do covid! É preciso lembrar vários outros micro-organismos que causam alterações na pele. No Brasil, a dengue não deve ser esquecida, mas alguns testes sorológicos para dengue são falso positivos quando se tem covid, e a confirmação precisa ser por PCR. Olhem que complexo! Além disso, há a possibilidade de medicamentos em uso pelo paciente também serem a ...

Queimadura pelo frio no resfriamento do couro cabeludo durante a quimio

Com a aprovação da máquina de resfriamento Paxman pela ANVISA em 2014 e seu registro pelo FDA em 2017, seu uso durante a quimioterapia se difundiu em diversos centros de oncologia no Brasil, para evitar a queda dos cabelos. Outro equipamento utilizado, com custo mais acessível, são as toucas de criogel Elastogel. ⁣ ⁣ O resfriamento do couro cabeludo durante as sessões de quimioterapia pode trazer uma grande chance de preservação dos cabelos. Porém, é importante falarmos também do risco de queimadura pelo frio intenso causado pelo procedimento. ⁣ A máquina Paxman atinge uma temperatura de cerca de -4oC, enquanto as toucas de criogel ficam armazenadas a -25oC. Como essas toucas ficam bem acopladas ao couro cabeludo, por um tempo prolongado, deve-se estar atento à proteção de áreas sem pelo, para que não sofram queimadura pelo frio. ⁣ ⁣ Há alguns anos, descrevemos casos de queimaduras pelo frio causadas por toucas de criogel, junto com a equipe do Memorial Sloan Kettering Cancer Cente...

O que fazer na inflamação das unhas por iEGFR

  A paroníquia, inflamação da pele ao redor da unha, é comum durante o tratamento com inibidores do EGFR - iEGFR (incidência de 10-50% dos pacientes) e costuma ser dose-dependente. Quando grave, com impacto nas atividades diárias do paciente, pode ser necessário dar intervalos maiores entre as aplicações do iEGFR, ou mesmo reduzir a dose. Reduzir a dose de um tratamento oncológico é o que menos se deseja, pelo risco de prejudicar sua eficácia. Para a prevenção da paroníquia induzida por iEGFR, medidas como evitar o contato frequente com água, usar hidratantes nas mãos e nos pés, evitar traumatismos – como manicure/pedicure, ou sapatos fechados/apertados – são importantes. Ao se instalar a inflamação ao redor das unhas, pode-se indicar corticoides tópicos de alta potência, sabonetes degermantes ou soluções antissépticas, e antibióticos tópicos ou orais na suspeita de infecção bacteriana. Por vezes, surge o granuloma piogênico, uma elevação avermelhada e facilmente sangrante, popular...

Coceira no corpo - sarna ou alergia?

É muito comum as pessoas associarem a coceira no corpo à alergia. Procuram relação entre a coceira e o que comeu, o remédio que tomou ou o creme que passou. De fato, muitas coisas com as quais entramos em contato podem irritar a pele ou causar alergia, com o surgimento de lesões avermelhadas e coceira. E tantas outras coisas causam coceira! Não podemos esquecer a coceira causada pela sarna humana. Não é a sarna do cachorro! A sarna humana é causada por um ácaro que gosta da pele humana, e sua transmissão se dá pelo contato pessoa a pessoa; também pode-se transmitir pela presença dos ácaros na poeira, roupas, roupas de cama ou toalhas (pousadas/hotéis, hospitais). Algumas dicas para desconfiar da sarna humana: - coceira que vai se espalhando pelo corpo; costuma ser pior à noite - coceira que pode preferir áreas mais “quentes” do corpo, como axilas, região das mamas, virilha, região genital, nádegas. Pode também acometer as mãos, especialmente entre os dedos - “bolinhas” avermelhadas pod...

Clobetasol na Síndrome Mão-Pé do Regorafenibe

Em um estudo recém-publicado na revista The Oncologist, compara-se o tratamento preventivo da síndrome mão-pé hiperqueratótica (SMPH) com o tratamento reativo (a partir do início dos sintomas) com clobetasol 0,05% creme 2 x por dia nas mãos e nos pés em pacientes tomando regorafenibe. ⁣ ⁣ A SMPH se apresenta como vermelhidão nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, com dor, formação de calosidades e descamação. Esse evento pode estar presente na metade dos pacientes que tomam regorafenibe nas primeiras 6 semanas de tratamento. Em cerca de 10-15% dos pacientes, a SMPH pode ser grave e muito incômoda (grau 3 na escala CTCAE), com grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. ⁣ Mesmo em quadros leves, tarefas do dia a dia, como se vestir, preparar alimentos, abrir a porta, andar, ou abotoar a roupa podem se tornar muito difíceis por conta da SMPH. Portanto, o seguimento do paciente e a busca por um tratamento adequado é muito importante para a manutenção do medicamento na dose apro...

Imunoterapia contra o câncer pode causar diversos efeitos na pele: como tratar?

Foi feito um estudo com pacientes em imunoterapia para diversos tipos de câncer, entre 2014 e 2017, de 3 serviços de Oncodermatologia – Memorial Sloan Kettering Cancer Center (EUA), Columbia University Medical Center (EUA) e University Federico II (Itália). Foram analisados os eventos adversos cutâneos causados por essa classe de medicamentos e conduzidos por dermatologistas. Dos 285 pacientes encaminhados, 46% tinham um ou mais eventos adversos cutâneos imunomediados (EACI). Os mais comuns foram prurido (32%) e rash maculopapular (28%). Vitiligo desencadeado por imunoterapia foi muito mais comum em pacientes com melanoma. Dos EACI desencadeados por anti-PD1/PD-L1, 7% eram do tipo penfigoide bolhoso, enquanto esse tipo correspondeu a 2% dos EACI por anti-CTLA4 com ou sem anti-PD1/PD-L1. Entretanto, o rash maculopapular foi mais comum com anti-CTLA4 com ou sem anti-PD1/PD-L1 (36% dos EACI por anti-CTLA4 com ou sem anti-PD1/PD-L1; 23% dos EACI por anti-PD1/PD-L1). A maioria dos EACI era ...